SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Psicóticos X Psicopatas 3. Casos pelo mundo. 4. Referências Bibliográficas 5. Notas de rodapé.
1. Introdução
Acontecimentos envolvendo assassinos seriais tem ido muito mais além de tudo aquilo que é apresentado no cinema. Sujeitos inteligentes, deficientes de empatia, que matam sem motivo aparente e sem remorso não costumam usar máscaras, muito menos deixar claro quem será a próxima vítima. É exatamente assim que elas são enganadas, pois embora exista uma conjugação de fatores que agregados podem contribuir para um comportamento violento do agente, eles não são exteriorizados de forma permanente, o que acaba por contribuir com a ação.
2. Psicóticos X Psicopatas
O termo serial killer teve origem nos anos 70 através de Robert Ressler, um agente aposentado do FBI que fazia parte Behavioral Sciences Unit — BSU (Unidade de ciência comportamental pertencente ao FBI) que estudava e inclusive entrevistava alguns desses assassinos.
Fiorelli e Mangini em sua brilhante obra nos lembram que casos como o de canibalismo podem indicar psicose e não psicopatia. Os serial killers psicóticos vivem em outra realidade, e por estarem no auge da anormalidade necessitam de um acompanhamento psiquiátrico, pois não conseguem distinguir seus atos.
Surge então a medida de segurança com a idéia de proporcionar ao transtornado mental um tratamento diferente, visando precipuamente preservar a sociedade da ação de delinqüentes temíveis e de recuperá-los com tratamento curativo1. Para especialistas, transtornos mentais só levam o sujeito a atingir um alto grau de violência quando não são tratados como e quando devem.
Um dos grandes temores é que após um determinado período de tratamento o indivíduo seja dado como curado e seja liberado, o que o levaria a novas práticas criminosas.
Um serial killer psicopata, por sua vez, se enquadra mais especificamente no grupo dos assassinos seriais organizados, justamente pela sua capacidade de manipulação, narcisismo, vigarice, charme, sensibilidade artificial, etc. Não significa dizer, contudo, que todo serial killer seja um psicopata como alguns colocam, da mesma forma que nem todo psicopata é um criminoso2. É o que Paul Babiack chama de psicopatia subcriminal.
O assassino serial psicopata permanece com a sua capacidade de manipulação até mesmo quando preso. Comportamentos forjados podem lhe atribuir benefícios que o levaria de volta ao convívio social, como a liberdade condicional. Para Hilda Morana, Michael Stone e Elias Abdalla-Filho, o serial killer é um inimigo irremediável para as pessoas, e a separação permanente da comunidade pela via da prisão parece ser a única alternativa prudente 3.
3. Casos pelo mundo.
O japonês Tsutomu Miyazaki conhecido como o “monstro de Saitama” foi condenado por crimes nos anos 80 e enforcado em 2008, apesar do pedido de clemência dos advogados que alegaram alienação mental no seu cliente. Outros sequer passam por uma avaliação prévia. Exemplo típico é o caso da família norte-americana Bender, onde pai, mãe, filho e filha formavam uma família serial. Sua filha Kate Bender dizia ser curandeira e atraia seus clientes que eram mortos a marteladas. Mais de 10 corpos foram encontrados enterrados no jardim da propriedade dos Benders que fugiram antes de serem capturados. Até hoje o paradeiro dos Benders é um mistério.
Casos como o dos Benders de fato é muito raro, pois foge das características comuns de um assassino serial. Os Wests também fugiam a essa regra, e em 1994 a polícia se surpreendeu quando começou a escavar o terreno onde ficava a residência dos West, que mais tarde se chamaria “A casa dos horrores”. Em suas práticas criminosas, Frederick e Rose West não pouparam nem Heather, uma de suas filhas. Só após aproximadamente 25 anos em ação o casal foi finalmente preso e em 1995 Rose foi condenada à prisão perpétua por 10 assassinatos. Fred se suicidou no início 1995, e não chegou a ser julgado.
Já o americano Jeffrey Dahmer (1960-1994) foi preso acusado de necrofilia, canibalismo e vários assassinatos, mas talvez o que mais tenha chamado a atenção nesse serial killer tenha sido a lobotomia usada por ele para tentar transformar suas vítimas em zumbis e, conseqüentemente, escravos sexuais.
Não é demais ressaltar que grande parte desses criminosos seriais são psicopatas, ou ainda, aproximadamente 4% da população mundial possuem algum grau de psicopatia, sendo a maioria apenas “socialmente perniciosos’’4, muito embora tenham um relacionamento social normal. Já dizia Ted Bundy (1946-1989): “Nós serial Killers, somos seus filhos, nós somos seus maridos, nós estamos em toda parte” 5.
4. Referências Bibliográficas
CASOY, Ilana. Serial killer-louco ou cruel?. 6.ed. São Paulo: Madras, 2004.
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
FIORELLLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathaya Ragazzoni. Psicologia Juridica, São Paulo: Atlas, 2009.
CALDEIRA DOS SANTOS, Mauro Leonardo Salvador; DE SOUZA, Fernanda Silva e CALDEIRA DOS SANTOS, Cláudia Verônica Salvador. As marcas da dupla exclusão: experiências da enfermagem com o psicótico infrator. Texto & Contexto Enfermagem 2006, vol. 15 .Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=71409909. ISSN 0104-0707.
MORANA, Hilda C P; STONE, Michael H and ABDALLA-FILHO, Elias. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2006, vol.28, suppl.2, pp. s74-s79. ISSN 1516-4446. doi: 10.1590/S1516-44462006000600005.
5. Notas de rodapé
1 MIRABETE, Júlio Fabbrini, Manual de Direito Penal. 25. ed. , p. 347.
2 FIORELLLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathaya Ragazzoni. Psicologia Juridica, p. 108.
3. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2006.
4 SABBATINI, Renato M.E.. O Cérebro do Psicopata.
5 CASOY, Ilana. Serial killer-louco ou cruel?São Paulo, 2002, p.104.
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