Resumo: O presente artigo visa explicitar a associação da hermenêutica com as pré – concepções arraigadas ao ser humano, de modo que estes fatores influenciam a compreensão de mundo que o homem traz consigo.
Durante toda a vida, ouvimos dizer que a verdade esta nos olhos de quem vê... Como assim? Talvez isso se explique do ponto de vista filosófico – antropológico.
Aquilo que conhecemos de mundo esta arraigado de nossas pré – compreensões, pré – conceitos, que influenciam a nossa compreensão acerca de um objeto, no caso o mundo.
Trata-se de uma experiência pela qual a interpretação que temos de mundo oriunda de pré – compreensões que nos foram inseridas a partir do meio pelo qual fomos criados.
Este pré – conceito, deve aqui ser entendido como sendo “conjunto de valores e crenças arraigados no homem e que dá característica de humanidade ao próprio homem” (OMNATI, 2013, p. 97).
Portanto, é possível dizer que a nossa compreensão acerca do mundo se torna imutável, em razão dessa concepção que temos ser determinada a partir da nossa história, sob a qual não podemos nos afastar (OMNATI, 2013).
Importante aqui recorrermos aos ensinamentos de Gadamer, quando este leciona que a linguagem é o meio pelo qual compreendemos o objeto a partir de nossas concepções pré – inseridas.
O professor José Emilio Medauar Omnati, discorre acerca do papel da linguagem sob a ótica de Gadamer:
Ora, a linguagem é o meio pelo qual se efetiva o entendimento entre os parceiros sobre a coisa em questão. Toda compreensão é interpretação, e toda interpretação se desenvolve no seio da linguagem, que quer deixar o objeto vir à palavra e, ao mesmo tempo, é a linguagem própria ao interprete (OMNATI, 2013, p. 103).
Sob esta perspectiva, a hermenêutica não deve se ater somente, em buscar o contexto histórico pelo qual a norma foi criada.
Ao contrário. Devemos ampliar este entendimento, tentando buscar além da mens legis, a sua aplicação considerando o cenário atual de mundo no qual estamos inseridos.
Segundo Omnati, “toda compreensão se faz no seio da linguagem, e isso nada mais é do que a concretização da consciência da influência da história”. (OMNATI, 2013, p. 103).
Deste modo, entende – se o homem como sendo sujeito de linguagem, que visa buscar o real sentido das coisas por meio de linguagem, irradiando os valores que nos foram transmitidos sobre o objeto a ser estudado.
Sobre isto, aduz Bittar:
Assim é que a hermenêutica tem a ver com a tradição, uma vez que a compreensão está determinada pela linguagem, forma que tenho para conhecer o mundo e as coisas. (BITTAR apud OMNATI, 2013, p. 104).
Assim sendo, a nossa compreensão acerca da realidade que nos apresenta é formado pelo nosso pré – conceito cumulado com a linguagem pela qual esta realidade se apresenta a nós.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OMNATI, José Emilio Medauar. Teoria da Constituição. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013.
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