O fim do Império Romano (último período da história política de Roma: Monarquia, República e Império) tem seu ano datado em 476.
Durante o Grande Império a atenção da população era desviada dos assuntos políticos e sociais através de lutas, corridas e encenações, ou seja, com diversões passageiras que manipulavam a plebe e a mantinham fora (ou bem distante) das decisões governamentais.
Ressalta-se que tal “gentileza imperial” se dava porque o governo romano estava receoso de uma revolta por parte dos desempregados, pois o crescimento urbano gerou sérios problemas sociais para Roma e o desemprego que assolava a zona rural fez com que os camponeses migrassem para as cidades em busca de empregos e melhores condições de vida.
Pois bem, façamos um comparativo político/social de Roma do século V com o Brasil do século XXI.
O que mudou? Na minha visão somente o número dos séculos. Nada mais.
Será que o modo de hipnose social que temos como modelo hoje (mesmo que para algumas pessoas seja implícito) não é o mesmo modo em gênero, número e grau dos romanos antigos?
Se fizermos uma análise com o mínimo de discernimento, veremos que somos os mesmos romanos do século V com vestimentas diferentes e que nossas lutas, corridas e encenações apenas mudaram de forma, mas a “essência” de manipulação governamental continua a mesma.
Estamos expostos, e com conivência pessoal, a situações que nada nos somam, a programas de tv que são violentos atentados contra a vida útil cerebral de qualquer cidadão que tenha bom senso, telejornais com apresentadores "juristas" que nada sabem sobre legislação, a programas político-sociais que são exatamente o "Pão e Circo" romano em que, a única diferença para com os dias de hoje, é que os “adeptos” possuem o acesso ao “lado contrário” da política empregada e nada fazem para que a realidade se torne outra. E o pior...aplaudimos tudo de pé!!!
16 séculos se passaram e o povo (em sua grande e esmagadora maioria) continua o mesmo. Triste realidade.
É inadmissível que no século XXI onde a globalização é uma realidade, que coloquemos analfabetos, comediantes, pessoas com diversos processos judiciais para nos governar e depois ficamos reivindicando nossos direitos que tais pessoas que lá nos representam, por nossa LIVRE ESCOLHA (através do voto), nada fazem ou fizeram por eles e que, em alguns casos, até nos tiram.
Passamos horas acessando redes sociais, consultando os astros virtual ou fisicamente, mandando torpedos para pessoas que estão literalmente ao nosso lado, vendo na Tv “milagres” que acontecem apenas porque você doou o trízimo do mês (sim...o TRÍZIMO = 30% dos seus rendimentos mensais), futebol e carnaval divulgados massantemente, enfim, sendo manipulados por círculos viciosos que levam do nada a lugar algum, de acordo com interesses do Estado.
Não estou aqui querendo privar ninguém de suas atividades de descontração, apenas tentando passar que é possível fazê-las de forma racional ou, no mínimo, com conhecimentos mais abrangentes.
Não me recordo, ao longo dos meus 35 anos, alguma campanha ou mobilização Estatal para consciência e domínio do Art. 5º da nossa Constituição Federal (Lei suprema de nosso país) que expressa de forma bem cristalina nossos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Será que é porque povo que não pensa, que não conhece seus direitos, que não questiona é mais fácil de se dominar?
Outro dia, em conversa com amigos, eu e mais um cidadão (de bem) fomos execrados pelo resto das pessoas que ali estavam, apenas porque nos colocamos em posição contrária a uma suposta situação de corrupção. Sim, os errados éramos nós por sermos honestos na hipotética situação. Como podemos almejar um futuro melhor, um país decente se nada fazemos para que isso aconteça?
Já passou da hora de abrirmos os olhos e atentarmos para uma coletividade social uníssona, pois do jeito que a coisa caminha, corremos sérios riscos de voltarmos à idade da pedra e resolvermos tudo na autotutela.
Enquanto assistirmos a tudo que se passa em nossa volta inertes, indiferentes e esperando sempre uma melhora, seja ela qual for, do próximo, continuaremos reféns do “Pão e Circo” contemporâneo.
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