Vista do lado que deu errado (violência, corrupção e neoescravidão, desigualdade, ignorância, patriarcalismo, teocratismo, psicose coletiva), a América Latina (apesar dos avanços) continua se equiparando a uma verdadeira latrina (local de dejeções, vaso sanitário do mundo). Consoante o historiador Eduardo Bueno (Brasil – uma história), grande parte da América Latina e pelo menos 1/3 do Brasil era puro mar. Trata-se do chamado Mar Ancestral.
Houve um período em que o mar “invadiu” boa parte do território que hoje constitui o continente americano. Essas invasões são conhecidas como “transgressões marítimas”, que devem ser divididas em dois períodos: (a) o Siluriano (entre 443 e 417 milhões de anos atrás), antes da formação da cordilheira dos Andes, e o (b) Devoniano (entre 417 e 354 milhões de anos atrás). As bacias do Amazonas, do Maranhão e do Paraná, estas últimas unidas pela “passagem marinha” dos rios Araguaia-Tocantins, formavam nosso mar ancestral. Esse mar de água, por força da natureza, se transformou em terra fértil; por império da vontade humana, se converteu (desde o século XV) num mar de sangue. Do mar azul ou verde nasceu o mar vermelho (triste transformação).
A América Latina, ao lado da África, é a região que apresenta as mais altas taxas de mortes resultantes da violência. Levantamento do Instituto Avante Brasil, com base nos dados da UNODC (ONU) e do DATASUS (Ministério da Saúde), revelou que entre as dez piores taxas de todos os países do mundo, seis estão na América Latina.
Chile e Uruguai foram os países que em 2011 obtiveram as menores taxa, entretanto tiveram crescimento ao invés de queda, como outros países. A Argentina, até 2010, último ano de divulgação de dados, era a última que tinha se mantido estável, sem crescimento ou queda. Ao lado de Honduras, El Salvador e Guatemala apresentaram as maiores taxas de mortes em 2011, 70,2 e 38,5 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente.
Os maiores aumentos nas taxas ficaram a cargo de Honduras (161%), México (154,8%) e Equador (115,2%), enquanto os responsáveis pelas maiores quedas nessas taxas foram Suriname (66,7%), Guiana Francesa (40,4%) e Paraguai (24%).
Com uma taxa de 27,1 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes em 2011, o Brasil registrou a quinta pior taxa de mortes entre os países da América Latina, e uma leve queda de 3,4% entre 2005 e 2011.
Um relatório lançado pelo Latinobarómetro, em 2013, e que analisa a situação da America Latina entre 1995 e 2010, apontou que a região tem demostrando uma melhora na qualidade de vida em praticamente em todos os países, com aumento da educação, diminuição da pobreza, aumento do crescimento econômico. Apesar disso, aponta o relatório que a precariedade, a pobreza, a desigualdade e a discriminação continuam sendo os principais impedimentos para a região passe para outro escalão. Aponta ainda que 68% da região se encontram entre a classe baixa, 30% entre a média e apenas 2% entre a classe alta. O relatório ainda indica que existe um elo entre duas Américas Latinas, a que desfruta do crescimento econômico e aquela que apenas observa o crescimento dos outros países.
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