RESUMO: Há algo em comum entre o cárcere, a rua e a vaidade - o descaso, a indiferença, a falta de ética dialógica inclusiva que trabalhe com a diversidade e o respeito à alteridade pela dignidade. Afinal todos devem ter outra oportunidade para além da condenação e do aprisionamento, seja nas ruas ou nos presídios.
Palavras-chave: Vaidade. Cárcere. Rua. Dignidade. Alteridade.
INTRODUÇÃO
Realmente estamos confiantes que chegaremos lá como potência que combate a criminalidade com presídios lotados de pobres. Agora sim o País avança, pois já há meia dúzia de “mensaleiros” presos para o vigor da vaidade elitista em manter trancafiados como “ilustres” representantes do passado que os condena como a luta contra a ditadura e estrelas de primeira grandeza de um governo amplamente criticado por suas práticas diferentes da teoria da ética na política. Mas há algo que não se encaixa essa gente diferenciada que insiste em aparecer na mídia para tirar nosso sossego e passou a frequentar ruas, agora o shopping de luxo e de encontros com amigos e familiares tirando a paz e o lazer.
1. A VAIDADE E A POBREZA: DA RUA AO CÁRCERE
Na vaidade das elites é preciso continuar mantendo longe os pobres com leis duras para combater a criminalidade e ao mesmo tempo dar uma solução num bando de miseráveis que não querem “trabalhar” e acaba indo para o mundo da delinquência. Que fazem muitos filhos e os deixam jogados à margem da sociedade. Portanto na lógica da vaidade elitista o importante é encher presídio de pobre produto segundo eles da sua própria ignorância por nascerem “pobres e sem educação” não planejam sua família. No máximo se culpa governos por negligenciarem com a educação de qualidade. Não querem cotas, nem querem distribuição de renda. Essa mesma elite já pode bater no peito e dizer até aqueles que são corruptos também vão para cadeia. Como no caso dos “mensaleiros”. Um belo exemplo aos pobres de que também gente graúda fica atrás das grades. Claro um discurso moralista que no fundo é bem sintomático da vaidade. O caso da teoria do domínio do fato se aplicou num caso fora da curva, mas agora voltemos a estrada e não mais queremos a aplicação de tal teoria para nossos amigos corruptos nem para nossos agregados políticos. Afinal a justiça já foi feita e então para nós tal medida não se aplica em caso de corrupção. Afinal vivemos num mundo da vaidade e da cobiça pelo lucro fácil a custa da exploração da pobreza, desde tempos remotos foi assim da escravidão no período colonial à República atual.
Vamos continuar produzindo mais “Carandirus e Pedrinhas” da vida e deixar a polícia fazer seu trabalho e encher mais presídios de pobres. Nessa mentalidade da vaidade elitista é preferível pagar a quentinha, deixar um monte de gente amontoada em condições degradantes, a dar uma oportunidade aos pequenos, médios e grandes delitos do sujeito a dar uma oportunidade de ressocialização (mediante trabalho comunitário com menos custo à sociedade e mais eficácia). Tudo em nome da lei e da ordem. Afinal nossos amigos estão soltos para que se preocupar.
A vaidade não permite ver que se há mais desemprego haverá mais gente na prisão, pois acaba sendo reflexo da crise não só os roubos, furtos, mas também a miséria, a falta de lazer, a violência aos que na terão dinheiro para o cineminha, e mesmo o frango vai faltar na mesa. Talvez reste o funk e a cerveja se a polícia deixar e não enquadrar todo mundo. Mas afinal na vaidade elitista a situação do pobre é culpa dele. Que deselegância esse hábito de “churrascão na laje”. Não há culpa da elite pertencer aos 1% mais ricos enquanto a esmagadora maioria é pobre. Pura vaidade.
2. VAIDADE E REPRESSÃO: AS MANIFESTAÇÕES DA “GENTE DIFERENCIADA”
Propor diálogo, inclusão e respeito aos direitos fundamentais para todos é vaidade dessa gente diferenciada se achando. Afinal se votarem mal a culpa será deles aliás é para isso que servem para votar a cada quatro anos e seria tão vaidoso se escolhessem um de nós elite para continuar impulsionando o desenvolvimento do País claro a nosso favor com vistas a continuar mantendo as desigualdades nos níveis atuais a custa do lucro fácil e arrocho salarial para essa gente diferenciada entre a rua e violência encarcerados na periferia no pancadão.
Tudo em nome da vaidade da minha família e da minha descendência ad eternum, amém. Porém, chega uma hora que a situação foge ao controle e os pobres se rebelam querem não só “bolsa família” ou “bom prato”, mas lazer, direito a ouvir seu funk. Seja na laje ou no shopping dar um “rolezinho”. Começa a querer teto digno, a exigir a redução da passagem, mas como essa gente diferenciada incomoda o trânsito, as compras no shopping, fecham ruas pedindo diminuição das passagens do transporte, afinal são “ignorantes” polícia neles para acabar com essa “baderna” deixa a vaidade em paz. Que estresse a elite precisa continuar gozando seu dinheiro e lucrando à custa da desigualdade. No entanto, cada vez mais o grito das massas querendo justiça social bate às portas e o que fazer ignorar? Continuar na vaidade? Culpar os políticos já não resolve, afinal se no Carandiru ou em pedrinhas houve derramamento de sangue é porque a pressão social está no cárcere e é preciso desafogar o sistema carcerário com leis mais brandas não com leis mais severas, fazer o sujeito trabalhar para pagar sua dívida social e ser reinserido na sociedade e não deixar um monte de homens sufocados em alguns metros quadrados nas celas superlotadas sem ter o que fazer a um custo altíssimo para mantê-los ali tanto econômico quanto social, sabendo que saíram piores do que entraram.
CONCLUSÃO
Mas, entre o cárcere e a rua há a vaidade que não permite enxergar a realidade social do País. Vaidade pura vaidade das elites conservadoras que não entende que há algo fugindo ao controle e que não adianta repressão, mas, diálogo, respeito a todos como caminho de superação dos obstáculos que separam a riqueza da pobreza pela desigualdade social e exclusão. Portanto é preciso menos repressão e mais oportunidades a todos; tanto para os que estão na rua ou no cárcere como forma de alcançarmos uma sociedade plural e solidária com menos endurecimento das leis e menos encarceramentos por muros visíveis e invisíveis.
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