RESUMO: Esta obra tem por finalidade, ampliar a visão do homem no mundo e com o mundo. Trazendo em seu bojo, a maturação e autocrítica das experiências pedagógicas, de tal forma, a vislumbrar as relações com seu exterior e com outros indivíduos. Denota-se uma capacidade extraordinária do homem: o poder da educação, de modo a observar que esta, deve ser primazia de todas as dádivas da espécie humana, de modo que, possa ascender em cada individuo uma criticidade igualitária ou superior aos que lhes subordina. Tudo isso, se consubstanciam no poder que o homem tem de estudar sua própria história, de forma a ser e ver-se inserido nela. A tal ponto de ter percepções mais aguçadas, das transformações de tudo que o circunda. Não obstante, deve-se buscar soluções praticas e exeqüíveis, de questões e problemáticas que envolva seu povo. A conquista do saber nos liberta das amarras da escória social.
PALAVRAS-CHAVE: Visão do Homem no Mundo, Educação Autocrítica; Experiências Pedagógicas, O Poder da Educação.
This work aims, broaden the vision of man in the world and the world. Bringing in its wake, maturation and self-criticism of teaching experience, so, to envision relations with the outside and with other individuals. There has been a man of extraordinary ability: the power of education, to note that this must be the primacy of all the gifts of the human species, so that each individual can ascend in a criticality equal to or higher than their subordinates . All this is embodied in the power which man has to study their own history, to be inserted and seeing it. To the point of having more acute perceptions, changes all that surrounds him. Nevertheless, one should seek practical and feasible solutions, issues and problems involving their people. The conquest of knowledge frees us from the shackles of social scum.
KEYWORDS: View of Man in the World, Education Self-criticism, teaching experience The Power of education.
1. INTRODUÇÃO
A cronologia da educação que remota um grande lapso temporal, sempre foi um objeto quase que intangível. Poucos eram os privilegiados que a detinham, estes por sua vez, tornavam-se detentores do poder absoluto, em contrapartida, os que não a possuía, estavam subordinados à segregação da escoria sociocultural. A pedagogia que o ocidente tem como legado está intrinsecamente ligado a “pseudo” pedagogia da igreja católica durante a Idade Média. Os fundamentos que alicerçavam a educação, como parte da imposição para a sociedade leiga estava reorganizada sob os pilares da filosofia da igreja e sob a ótica dos sacerdotes, uma vez que eram eles que detinham o conhecimento, e tinham como função primordial a transmissão (imperativa) da doutrina da Igreja ao longo do tempo. A palavra professor dizia respeito ao sacerdote que ao professar a sua fé irá fazer com que outros também professem esta fé.
As demais sociedades que sucederam colocavam em pratica às ordens que lhe fora imposta. Nos países subdesenvolvidos, renegados a submissão das elites sociais, da América Latina, foram edificados sob uma sociedade oligarcas com influências liberais — acostumaram-se a ver na educação “a alavanca do progresso”. Isto posto, observa-se que eles temiam a educação, e enaltecia o analfabetismo, como forma de cegueira social, e despejaram o tema no rios de retórica. Afirmavam que a “ignorância” e o “atraso” eram duas faces da mesma moeda.
Destarte, à medida que a sociedade evoluiu, também empurrou a educação como fonte de saber, levando o homem ao ápice do saber, e não mais como prisioneiros da sua própria ignorância. A pedagogia moderna vislumbra uma educação positiva, no que concerne as decisões para a responsabilidade social e política.
2. AS ASPIRAÇÕES DA PEDAGOGIA BURGUESA
A burguesia fazia parte de uma classe privilegiada. Teve sua ascensão na educação, a partir de influencia da aristocracia. O atrelamento da burguesia à aristocracia dominante, tinha estritamente o objetivo de buscar o poder para dominar as classes inferiores. Era o ensino que a burguesia almejava para se tornar “o senhor” sobre seus “servos”, o ensino que ela procurava era justamente o que era proporcionado á própria classe dominante.
No século XII começa a destacar-se o homem burguês, pois o comercio na Europa toma grande impulso. Este movimento comercial intenso, traz consigo novas necessidades de conhecimentos no ambito administrativo e economico. A troca de mercadorias com outras cidades torna indispensável o domínio de conteúdos como a aritmética para auxiliar no cálculo de impostos, negócios de compra e venda, a astronomia para auxiliar-se na orientação nas viagens, a retórica para desenvolver a argumentação nos negócios assim como muitas outras linhas do conhecimento.
Toda esta transformação social e política repercutem na educação, culminando com a criação das primeiras escolas de ensino sistematizado que diferentemente do tipo de escolas anteriores, dominadas pela Igreja, diversificam seu conteúdo para atender assim, as necessidades da administraçao burguesa que se encontra em ampla expansão.
Ao final do século XVIII e início do XIX no Brasil, com o desenvolvimento de outras atividades na Colônia, como a mineração, comércio, artesanato e burocracia, emergem uma classe intermediária, a pequena burguesia Colonial. A burguesia, nesse quadro social, assumiu o discurso das mazelas educativas da Colônia e teve na educação os meios para se valorizar enquanto classe.
Bem como leciona Azevedo, a burguesia utilizou outras formas de poder para se constituir e se valorizar enquanto classe. A educação seria uma dessas formas de poder.
não era somente pela propriedade de terra ou número de escravos que se media a importância ou se avaliava a situação social dos colonos. Os graus de Bacharel e os mestres em Artes dados pêlos Colégios passaram a exercer o papel de escada ou de ascensor na hierarquia social da Colônia, onde se constituiu uma pequena aristocracia de letrados, futuros teólogos, padres-mestres, juizes e magistrados. (AZEVEDO, 1953, p. 31)
Paulo Freire define como "bancária" a pedagogia burguesa, comparando os educando a meros depositários de uma bagagem de conhecimentos que deve ser assimilada sem discussão. Paradoxalmente, esta modalidade de educação teria como objetivo não equalizar os conhecimentos entre educador e educando, mas sim "manter a divisão entre os que sabem e os que não sabem, entre os oprimidos e os opressores". O educador é necessariamente um opressor.
A educação bancária tem por finalidade manter a divisão entre os que sabem e os que não sabem, entre os oprimidos e opressores. Ela nega a dialogicidade, ao passo que a educação problematizadora funda-se justamente na relação dialógico-dialética entre educador e educando; ambos aprendem juntos. (FREIRE,1987,P.57-60)
Metaforicamente, a “educação bancária” pode ser caracterizada como o procedimento metodológico de ensino que privilegia somente o ato de repetição e memorização do conteúdo ensinado. Assim, o professor, geralmente por meio de aulas expositivas, “deposita” na cabeça do aluno conceitos a serem cobrados, posteriormente, na prova, quando então, aquele obtém o “extrato” daquilo que foi depositado. ( FREIRE, 1987,p. 96)
A Pedagogia Crítica recusa a esta tese. O conhecimento e a escola não são elementos neutros. A escola é um processo político e social, e não uma instituição bancaria que se concebem contratos de adesão, dos quais somente uma das partes impõe suas regras.
3. UM DIREITO BÁSICO DE TODOS OS CIDADÃOS
Considerando que o direito à educação é garantido na Constituição Federal (arts. 205 a 214), no ECA (arts. 53 a 59), na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.°9394/96) e na LDB Estadual (Lei Complementar Estadual n.° 26/98); Assim como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada pelas Nações Unidas, em 10/12/1948, visando a garantia do direito à educação, no Artigo 26 dispõe que:
1. Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito no escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.”
A constituição de 1988 trouxe a educação como uma garantia social, está no bojo dos artigos:
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (Alterado pela EC-000.019-1998)
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
A educação como direito de todo cidadão, é inserido pela primeira vez, na Constituição de 1934 e posteriormente na Constituição de 1946. O artigo 149 da Constituição de 1934 assim se pronuncia sobre a educação:
"A educação é direito de todos e deve ser ministrada pela família e pelos poderes públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e desenvolver num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana".
Então, a notoriedade dessa garantia, sob a égide da Carta Maior, é de total responsabilidade dos administradores que governa cada país. Sendo sua omissão uma afronta C.F.
4. A EDUCAÇÃO TRANSCENDE A OPRESSÃO
A educação na visão de Paulo Freire deve realizar-se como prática de liberdade. Os caminhos da libertação só estabelecem sujeitos livres e a prática da liberdade, só pode se concretizar numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de descobrir-se, e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.
A luta de classes é, não exclusivamente, mas, sobretudo, uma luta pela consciência do proletariado, o movimento histórico da burguesia sobre a classe trabalhadora no sentido de impedir o desenvolvimento de sua consciência de classe, neutralizar a sua mais valiosa arma de luta. Quanto mais o oprimido conhecer sobre a sua situação de opressão, tanto mais lhe será possível desenvolver práticas sociais cuja conseqüência se materializará na forma de outro mundo possível e necessário.
A conscientização, assim, consiste no desenvolvimento crítico da tomada de consciência, ou seja, “que ultrapassemos a esfera espontânea da apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica” (FREIRE, 1980, p. 26).
Na mesma esteira, afirma Karl Marx, os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem, não a fazem sob circunstâncias de sua escola e sim sob aquela com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.
A história de todas as sociedades existentes até hoje tem sido a história das lutas de classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, têm permanecido em constate oposição uns aos outros, envolvidos numa guerra ininterrupta, ora aberta, que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária de toda a sociedade, ou pela destruição das duas classes em luta. (Karl Marx e Friedrich, Manifesto do Partido Comunista, in Cartas filosóficas e outros escritos, p.84.)
Durante o Século das Luzes, o ideal liberal de educação, era seu escopo.
O iluminismo foi um período muito rico em reflexões pedagógicas. Um de seus aspectos marcantes estava na pedagogia política, centrada no esforço para tornar a escola leiga e função do Estado. Apesar dos projetos de estender a educação a todos os cidadãos, prevalecia a diferença de ensino, ou seja, uma escola para o povo e outra para a burguesia. Essa dualidade era aceita com grande tranqüilidade, sem o temor de ferir o preceito de igualdade, tão claro aos ideais revolucionários. Para os iluministas, era possível reorganizar a sociedade com base em critérios racionais. Sua proposta era difundir o uso da razão, para dirigir o progresso da vida em todos os aspectos, ou seja, levar o homem a atingir seu macro objetivo: o conhecimento, o qual proporcionará a liberdade e a transcendência opressiva que vivera. Como disse Platão: “Conhecimento é o alimento da alma”.
A criação do conhecimento organizacional deve ser entendida como um processo que amplia "organizacionalmente" o conhecimento criado pelos indivíduos e os cristaliza no nível do grupo através do diálogo, de discussões, do compartilhamento de experiências ou da observação. (Ijukiro Nonaka/Hirotaka Takeuchi)
Jamais considere os estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer. (Albert Einstein).
5. CONCLUSÃO
A afirmação de Paulo freire resume o sentimento que a obra trasmite. “A educação como prática de liberdade, ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens”.
A visão holística e sábia do autor se renova a cada dia. Embora, essa seja em passos lentos. No entanto, já houve uma qualitativa evolução no âmbito pedagógico, em algumas instituições do país, quiçá do mundo. A qual se destaca a Faculdade AGES, no interior da Bahia. Sua filosofia pedagógica é embasada essencialmente no pensamento brilhante de Paulo Freire. A qual põe em pratica à sua ideologia sobre educação.
Outrossim, a obra trás uma observância de responsabilidade social, a adoção de uma pedagogia critica e libertária para o ensino em todas as esferas educacionais. Sua reflexão faz emergir uma nova consciência e uma nova visão sobre o cerne da educação, como ferramenta vital para a evolução humana, sob pena de perpetuação do cárcere social, imbuído à sarjeta cultural e econômica. Com uma conotação imperativa da responsabilidade do Estado e seus administradores, em por em pratica esse direito de todos cidadãos.
6.REFERÊNCIAS
AZEVEDO, F., A Cultura Brasileira, 3 ed., 2 vol. São Paulo : Melhoramentos, 1953.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasilia, DF: Senado Federal, 1988.
----------. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Cortez, 1990. 181p
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia : introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005.
COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil. - 2º Grau, 2º edição – 1995, Editora: Saraiva.
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3.ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 1980.
-----------, Paulo. Pedagogia do oprimido. 18. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra , 1988.
LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembléia das Nações Unidas,
1948.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: FONTES, Andréa |Carregosa. Educação: um legado de opressão, no que concerne à pedagogia burguesa e a disparidade social Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 28 dez 2011, 08:29. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/27527/educacao-um-legado-de-opressao-no-que-concerne-a-pedagogia-burguesa-e-a-disparidade-social. Acesso em: 10 ago 2024.
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